sábado, 19 de dezembro de 2009

abandono bom

.

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos que nos levam aos mesmos lugares. É o tempo da travessia e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, pra sempre, à margem de nós mesmos"

 

 Fernando Pessoa

.

.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

...

.
.
esqueci o que eu ia dizer.
isso não quer dizer que não era importante.
.
.
.
.
.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

power

vi num documentário gringo:

"Eu avalio os homens pela força. E força tem a ver com tamanho. Por isso instintivamente escolho homens fortes por trás de carcaças fracas, diminutas. Mas na hora de funcionar, a força sempre move. Pelo ar, seguram nossas mãos e parecem ter cinco a mais que nós".

Fulana de tal, uma norueguese safada pra cacete.



como diria a Ju, player, player!



frase do dia
"de dia lágrimas e à noite, amantes", moska

domingo, 22 de novembro de 2009

simon's cat

quem tem gato, sabe que é assim. para quem conheceu Amorinha vai ver que o miadinho é igual... 

.
.

.
.

besos

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

anunciação (mais uma noite carioca)

.
.
Estou achando o máximo sentar para escrever sobre os fatos da vida às cinco e quarenta e sete da manhã. Impressionante como a manhã começa cedo e a gente só lembra de vez em quando… hoje a noite abria a boca e soltava um bafo de 31 graus.

Eu andava em uma van, conversando com paulistas sobre como os nomes das ruas lá em São Paulo são muito italianos. Mas se isso acontecesse aqui no Rio, lembraria Scarface. O carioca é meio Robert de Niro nesse filme. No Rio é assim, eles acham que estão se dando bem, mas sempre se fodem no final, mesmo sem saber.

A noite se estendeu como tantas outras e eu voltei para casa num táxi, esses veículos de grande valia nas horas noturnas e que abrigam peças raras; como a que eu conheci hoje. Não me lembro o nome dele, mas era um senhor nascido na Paraíba. Amanhecia, e ele me pediu para ouvir os sabiás cantando anunciando o sol. Achei tão bonito… é saudade. Assim como a minha.
.
.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

texto no blog da sophie calle

.
descobri há pouco tempo que saiu no blog da artista Sophie Calle um texto que eu mandei. esqueci de acompanhar e por isso a informação está um pouco atrasada. rs


ela abriu espaço no site da expo "Cuide de você" para as pessoas enviarem um texto, foto ou vídeo representando o que sentiram ao ver a exposição. eu não pude ver ao vivo a expo, mas sei um bom pouquinho do que está lá... espero que a expo venha em breve para o Rio.


leia aqui o meu texto


eu gosto muito da arte dessa francesa que usa suas experiências pessoais para criar os seus trabalhos. nessa expo tudo gira em torno da carta que Sophie recebeu do escritor Grégoire Bouillier na qual ele rompia o romance dos dois.



"Cuide de você" ou "Prenez soin de Vous" era a frase final do "fora" mandado por e-mail. Levando essa recomendação ao pé da letra, ela convidou 107 mulheres (entre elas, as atrizes Victoria Abril, Jeanne Moreau e Elsa Zylberstein) para interpretarem a carta; e com isso criou uma instalação com textos, fotografias e vídeos, apresentada pela primeira vez em 2007 na Bienal de Veneza. Prenez soin de Vous já foi exibida também em Nova York antes de chegar ao Brasil. 


ah, Sophie e Grégoire dividiram este ano uma mesa de debates na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), evento que tinha como apelo ser o "reencontro público" dos dois depois do rompimento.


quer saber mais? tem um mar a sua frente. 





domingo, 8 de novembro de 2009

mestrezas e encontros praianos

hoje, na praia, Reinaldo saiu do seu círculo de amigos e veio nos visitar:


- "olha, eu sou só preto!"
e nós respondemos:
- "e nós somos só brancos!"

a gente atrai as pessoas, principalmente as boas, assim como chamamos problemas e temos forças para mudar as coisas de lugar.

hoje, eu, Liza, Joana e Itaal agradecemos ao Reinaldo: carioca, 21 anos, tem família, profissão, cabeça e coração. nos sentimos especiais mesmo, porque a nossa cabeça abriu mais que a dos outros.

disso tudo fica aquele sorriso que a gente usa quando está pensando sozinho; de que se aprende todo dia.

e de querer mostrar.

segue a vida.




pensamento do dia
(pegado emprestado de Noel Rosa, o grande)

"Que o subúrbio é ambiente
Que completa a liberdade"



Rio de Janeiro, rua Jangadeiros, 14

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

"shining" happy people

.

Como seria "O Iluminado" se Kubrick decidisse passá-lo na Sessão da Tarde? 

Confira o trailer agora. rs


.
.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

dirty dancing

.
.
fiquei triste com a morte do ator e bailarino Patrick Swayze.
mais do que Ghost, eu adoro a cena dele no filme Dirty Dancing (1987).

(repararam que a atriz que dança com ele é a irmã do Ferris Bueller em Curtindo a Vida Adoidado; lembram? adoro a Jennifer Grey)

vendo esse vídeo, tantas lembranças vieram... memórias de alguém se vão para outras voltarem. anfam, ladies, papo para outro dia.


fiquem com a dança, no ritmo quente de Swayze.





.
.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

elephant gun

estou viciadinha nessa banda - Beirut - e na música Elephant Gun.
agora que vi o clipe, viciei nele também; achei lindo, simples, irônico... triste e feliz, como a vida é.

agora, com vocês...

Elephant Gun


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

volta às cegas

parte 1: meu blog disse: cansei de ser branco, tão vazio.
pois bem, ele voltou ao poá, mais alegre.
:)

parte 2: ando usando mais óculos e mais o computador.
tô achando o computador chato. mas tenho poucos amigos, então, com quem falar?
a criatividade literária me abandona... mas eu fico bem.

eu chamo minha gata, e ela vem para o meu colo.
assim, vivo feliz. por essas e outras.

..

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

o arquipélago da insônia

.

"se a gente quer escrever livros, tem que esperar o silêncio", diz esse senhor que acabo de conhecer. 


dei um google nele >> António Lobo Antunes começou a utilizar o material psíquico que tinha marcado toda uma geração: os enredos das crises conjugais, as contradições revolucionárias de uma burguesia empolgada ou agredida, os traumas profundos das guerras e o regresso dos colonizadores à pátria primitiva. António Lobo é hoje um dos escritores portugueses mais lidos, vendidos e traduzidos em todo o mundo.   


Abaixo, livros de sua autoria (que colher de chá, hein, todos estão aqui - hehehe):


.

assistam este vídeo e se apaixonem como eu...
vou comprar algum livro dele amanhã. 
algo me diz que amanhã vai chover; e adoro ir comprar livros de guarda-chuva.


um beijo. 



.
.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

aurora

hoje acordei bem, tão suave, que lembrei do filme Aurora, do Murnau (Sunrise, 1927), baseado no romance de Hermann Suderman, Viagem a Tilsit. é uma obra prima e está no meu top 5.

Murnau tinha a manha extraordinária de nos levar a sensações que não sabemos nem como explicar. é tão perfeito, a narrativa é tão completa... sempre que começo a falar com alguém sobre Aurora não consigo ir muito além; a pessoa tem mesmo que ver o filme, que vale lembrar, é mudo. para mim, de mudo não tem nada.

e por gostar tanto de Aurora, usei as imagens do filme para fazer um clipe da música "Uma Voz", do compositor e cantor Alvaro Gribel.



.
.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

procura-se: tatuís

quero escrever sobre isso há tempos: para onde foram os tatuís?

quando eu era pequena adorava brincar com eles, enfiar o dedo em seus buraquinhos, cavar, cavar até sentir aquela cosquinha de seus milhares de pés... onde eles estão agora? será que leram Julio Verne e decidiram encontrar o centro da Terra? será que enjoaram do litoral e mudaram-se para o mar aberto?

o que aconteceu?

eram tão bonitinhos, mesmo com aquele semblante de alien...
não faz tanto tempo que eu era pequena, uns 15 anos, talvez... será que nesse tempo os tatuís foram extintos?

alguém dá notícia?
.
.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

copa fest

nas décadas de 50 e 60 o Beco das Garrafas, em Copacabana, foi o cenário da renovação da música brasileira. bares como Little Club, Bottle's e Bacará fervilharam com o nascimento da bossa nova e do samba-jazz, que em pouco tempo sairiam do beco para ganhar o mundo. 

 mas o som que ecoava apenas entre os números 21 e 37 da Rua Duvivier era ouvido como barulho pela vizinhança, que protestava atirando garrafas do alto dos edifícios. essa foi a inspiração para que Sérgio Porto batizasse o local como Beco das Garrafadas, depois abreviado para Beco das Garrafas.

o Copa Fest, que rolou no fim de semana passado, reuniu artistas que lá tocaram, como Paulinho Trompete, Paulo Moura, Sergio Barrozo, Osmar Milito e João Donato, com jovens músicos da música instrumental brasileira.

para quem perdeu todos os shows do Copa Fest, deixo aqui um registro pequenino.
.
.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

amor declarado

.
.

Boa noite. Penso sempre em como as escritoras que eu gosto escrevem, digo, como elas estão vestidas e o que bebem, onde apóiam a máquina de escrever... Talvez para saber o que lhes inspira ou por pura curiosidade ou por qualquer outra coisa que eu não sei dizer agora.

Voltando para casa de um passeio notuno a la Rubem Fonseca pelas ruas escuras de Copacabana, me vi andando pelas ruas de outros países latinos, ou americanos. E quando por fim estiver lá, vou pensar e querer estar nos mais breus becos do leste europeu.

Esta noite também é véspera de um encontro. Daqui a vinte horas uma amiga de nome Judith vem me visitar, ficar comigo por três dias. Vamos ficar em casa porque chegamos à fase Ofélia, onde nós, mulheres mais maduras depois dos vinte, preferimos o conforto de nossos tapetes para longas conversas regadas a de beber e de comer.

Tenho que ir. Minha gata está com fome. Ah, alguém já ouvi “Te amo, Brasília” do Alceu? É demais.
.
.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

arte primordial

.
.
(...) na realidade, isso é o que fazemos todos, reordenar e reinventar constantemente nosso passado, a narração de nossa biografia. Alguns crêem que a música é a arte mais básica e que, desde o princípio dos tempos e a primeira caverna habitada pelo ser humano, houve uma criatura que bateu palmas ou golpeou duas pedras uma contra a outra para criar ritmo. Mas estou convencida de que a arte primordial é a arte narrativa, porque, para poder ser, nós humanos temos previamente de contar. A identidade não é mais que o relato que nós nos fazemos de nós mesmos."


Trecho do livro A Filha do Canibal, da espanhola Rosa Montero.

.
.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

ser ou não ser?

.
de vez em quando eu esqueço (de propósito) a minha "mulherzice". digo sim que sou uma mega mulherzinha, sei ser fofinha, meiguinha, mas que saco. hoje me enche o saco ser boazinha. sinto gana de ser sombria, silenciosa, ficar pelos cantos. aí eu lembro que tenho chaveiro de bichinho, três travesseiros pequenos de criança, me acabo na prateleira de esmaltes da farmácia, e adoro usar rosa, azul e verdinho. tem dias que acordo querendo morar em NY e me empanturrar de coisas novas enquanto digito em meu MacBook histórias da minha vida glamourosa. ou talvez eu apenas queira ter o que escrever, sobre o que divagar nesta sexta-feira chata.

aliás, eu acho que eu preferia morar numa fazenda perto da cidade, de uma cidade pequena.

.
.

terça-feira, 16 de junho de 2009

poema "V"

.


que ideia tenho eu das cousas?
que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
que tenho eu meditado sobre deus e a alma e sobre a criação do mundo? não sei.

para mim pensar nisso é fechar os olhos e não pensar.
é correr as cortinas da minha janela (mas ela não tem cortinas). o mistério das cousas? sei lá o que é mistério!

o único mistério é haver quem pense no mistério. quem está ao sol e fecha os olhos, começa a não saber o que é o sol e a pensar muitas cousas cheias de calor. mas abre os olhos e vê o sol, e já não pode pensar em nada.

porque a luz do sol vale mais que os pensamentos de todos os filósofos e de todos os poetas. a luz do sol não sabe o que faz e por isso não erra e é comum e boa.

se deus é as flores e as árvores e os montes e sol e o luar, então acredito nele, então acredito nele a toda a hora, e a minha vida é toda uma oração e uma missa e uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

mas se deus é as árvores e as flores e os montes e o luar e o sol, para que lhe chamo eu deus?

chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
porque, se ele se fez, para eu o ver,
sol e luar e flores e árvores e montes,
se ele me aparece como sendo árvores e montes
e luar e sol e flores, é que ele quer que eu o conheça
como árvores e montes e flores e luar e sol.

e por isso eu obedeço-lhe,
(que mais sei eu de deus que deus de si próprio?),

obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
como quem abre os olhos e vê,
e chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,

e amo-o sem pensar nele,
e penso-o vendo e ouvindo,
e ando com ele a toda a hora.




"o guardador de rebanhos"
alberto caeiro

quarta-feira, 13 de maio de 2009

para guardar

.
.
acho que a vida anda passando
acho que a vida anda passando a mão em mim

acho que há vida em mim anda passando
acho que a vida anda passando a mão em mim

e por falar em sexo
quem anda me comendo, é o tempo

se bem que já faz tempo
mas eu escondia porque ele me pegava à força e por trás

até que um dia eu disse "tempo, se vc tem que me comer,
que seja com meu consentimento e me olhando nos olhos"

acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo...

dizem... que ando até remoçando
e me pego cantando sem mais nem por quê


viviane mosé

.
.
.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

rio de janeiro, seis de maio de dois mil e nove

.
ultimamente no meu mundo
os animais têm sido companhia maior
fofura diária, um carinho
pelos pêlos e sininho.

mas eu ainda acredito na humanidade.



.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

lembranças de amsterdã

.





definitivamente uma cidade de tijolos
não muito colorida.

mas a vida não é feita só de olhar
nem de turistas em pontos turísticos.

o que importa é sair do porto
seguro
porta.


(fotos numa casa afastada do centro, amsterdã, maio de 2006)

.
.
.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

essa cidade carioca que, como o cristo,
está de braços abertos mas nunca te abraça.

ou ela me engole
ou eu como ela com farinha
ou faço uma garapa para
descer melhor.


.
.
.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

céu do norte

uma imensidão que guia os pontos cardeais
grande lençol azul estendido
pregadores de nuvens e
ventos para secar emoções
seu sobrenome dá vida à bússola
e guia a alma da humanidade
se o homem segue mesmo os chamados
dessa tela em branco; pois sim, devem ser brancas e alvas
e por serem dessa cor, virgens, querem traços e pigmentos
esse colorido é a existência mutante, é o que anda
são nossos passos embaixo, pés que caminham
aliás, é só o que deveriam fazer
e nosso guia preso ao corpo
a cabeça está sempre dentro
do céu do norte
o céu que alguém já cantou
e que eu queria olhar hoje.
.
.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

a filha do canibal - parte 2

"às vezes sou tomada pela intuição da profundidade, pela sensação de que somos mais do que o mero momento presente e do que a carne efêmera. dessa visão singular, que assalta você nos momentos mais absurdos (enquanto você torra uma fatia de pão para o desjejum, enquanto espera na fila para pagar os impostos municipais), os iluminados de todas as épocas extraíram o impulso necessário para inventar suas religiões. como sou incrédula, para mim essa emoção do Além se confunde com um desejo de beleza, tão agudo e concreto quanto o ataque de fome de um bulímico. estou falando de coisas vulgares e cotidianas, pois o que pode haver de mais trivial e rasteiro do que esse afã de ser e não morrer? não deve ter existido um único ser humano, desde o início dos tempos, que não experimentasse alguma vez essa miragem de formosura, essa necessidade de permanência. até os idiotas têm inquietações transcedentes e em algum momento aspiram à eternidade. a metafísica é a mais comum das paixões rasas."


Trecho do livro A Filha do Canibal, da espanhola Rosa Montero.


quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

a filha do canibal - parte 1

"(...) na realidade, isso é o que fazemos todos, reordenar e reinventar constantemente nosso passado, a narração de nossa biografia. Alguns crêem que a música é a arte mais básica e que, desde o princípio dos tempos e a primeira caverna habitada pelo ser humano, houve uma criatura que bateu palmas ou golpeou duas pedras uma contra a outra para criar ritmo. Mas estou convencida de que a arte primordial é a arte narrativa, porque, para poder ser, nós humanos temos previamente de contar. A identidade não é mais que o relato que nós nos fazemos de nós mesmos."



Trecho do livro A Filha do Canibal, da espanhola Rosa Montero.