Somos um grão de sal no mar do céu.
Moska
&
Drexler
15:49
o telefone toca e Clarissa não ouve. o barulho das ondas do mar, na beira do mar, é sempre maior que qualquer outro som.
15:50
Clarissa mexe na bolsa e vê a ligação perdida. liga de volta e uma voz atende. uma voz de braços e pernas, uma cabeça de alto falante. timbre timbrado pelo correio eletrônico, com promessas de amor feitas de longe, ao longo de longos dias, debaixo dos caracóis dos seus cabelos.
15:51
Clarissa lembra do episódio do chuveiro e solta a gargalhada que costuma ficar presa no pulmão de quem fuma pouco.
15:53
num dia de pouco sol e muita luz, os cadernos de escritos ficam cheios de pensamentos bobos e alegres, quando você não os esquece em casa (os cadernos). antes de ir para casa, Clarissa olha mais um monte o mar, todo encrespadinho. à tarde ele costuma dar piti porque não existem mais tatuís cavucões e os prédios agora tapam o restinho do sol do céu azul e rosa do espírito santo do santo Estado.
(definitivamente, os celulares e a tecnologia não são nada poéticos).
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